Acabo de ler o artigo de Derek Law, no último número da Ariadne, intitulado "An Awfully Big Adventure: Strathclyde’s Digital Library Plan", em que descreve como e porquê a Universidade de Strathclyde decidiu dar prioridade aos conteúdos e serviços electrónicos em vez de a um novo edifício.
Derek Law é um dos bibliotecários universitários mais conhecidos e reconhecidos a nível mundial, apesar de trabalhar numa universidade que não é certamente das mais famosas. Já tive o prazer de me cruzar com ele uma meia dúzia de vezes em diversos eventos, e tivemos o privilégio de contar com a sua participação na 1ª Conferência Open Access, realizada na Universidade do Minho em 2005. A sua apresentação de então está disponível aqui.
Considero que o artigo é interessante para todos os que, por obrigação da função que desempenham ou simplemente por gosto, estão envolvidos no planeamento de bibliotecas ou reflectem sobre o futuro das bibliotecas e as estratégias adequadas para o enfrentar. Não porque ele contenha algo de verdadeiramente novo, do ponto de vista das ideias e dos conceitos (como o Derek Law reconhece), nem porque a solução definida para Strathclyde deve ser automaticamente aplicada noutros contextos. Ele é interessante porque revela a capacidade de colocar novas questões e sobretudo de passar à prática e arriscar percorrer os novos caminhos, à escala de uma universidade (e não apenas de pequenas secções, serviços ou projectos).
Esta capacidade para abrir o caminho caminhando, ou navegar "por mares nunca dantes navegados" exige dois requisitos que parecem não faltar na Universidade de Strathclyde:
- visão estratégica, nomeadamente da direcção da biblioteca, para perceber que para além de se mudarem os tempos e as vontades, o mundo "[...] não se muda já como soía";
- recursos financeiros para poder concretizar a mudança (e a Universidade de Strathclyde parece disposta a investir 3,3 milhões de libras, ou seja quase 4 milhões de euros, neste projecto).
Por cá, estou convencido que em várias bibliotecas universitárias (entre as quais, e sem falsas modéstias, coloco as da Universidade do Minho) existirá alguma visão estratégica e coragem para mudar. Mas com o "garrote" financeiro imposto pelo Ministério da Ciência da Tecnologia e do Ensino Superior às univesidades nos últimos quatro anos (e também com a falta de compreensão da importância estratégica das bibliotecas e recursos informativos para o desempenho das instituições, por parte de algumas lideranças universitárias), é muito difícil ousar e conseguir inovar!
Melhores dias virão (espero eu)...
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