terça-feira, 27 de janeiro de 2009

Estudo do JISC demonstra vantagens económicas do modelo Open Access














Estou a ler o sumário do estudo publicado hoje, intitulado "Economic implications of alternative scholarly publishing models: Exploring the costs and benefits". Como o documento completo tem quase 290 páginas, só irei lê-lo na diagonal, numa das minhas próximas viagens.

Este relatório resultou de um estudo encomendado pelo JISC, e conduzido pelo Professor John Houghton do Centre of Strategic Economic Studies at Melbourne Victoria University e pelo Professor Charles Oppenheim da Loughborough University. A questão de base era a seguinte: existem novas oportunidades e novos modelos para a publicação científica que sirvam melhor os investigadores e melhorem a comunicação e disseminação dos resultados de investigação (recordando que a inovação e a capacidade para criar e disseminar as mais recentes informações cientíticas e técnicas são determinantes da prosperidade na "economia do conhecimento" em que vivemos)?

A resposta parece ser um claro SIM existem, e chamam-se OPEN ACCESS!

Os autores estudaram e compararam três modelos:
  1. O modelo "tradicional", de assinatura ou pagamento para acesso que envolve pagamento no lado do "consumo" (do leitor ou das bibliotecas que o servem) e restrições de utilização;
  2. O modelo de publicação em Open Access (a chamada via Dourada do Acesso Livre), em que o acesso é livre e a publicação é financiada frequentemente (mas não sempre) pelos autores;
  3. O auto-arquivo em Open Access (a chamada via Verde do Acesso Livre), no qual os autores arquivam as suas publicações em repositórios, tornando-os livremente acessíveis para todos os utilizadores da Internet.

As conclusões são eloquentes! As instituições de investigação do Reino Unido terão gasto cerca de 5 mil milhões de libras com o conjunto dos custos das publicações científicas em 2007. Comparando os custos associados a cada modelo alternativo, o estudo revela que o modelo tradicional terá um custo de cerca de 230 milhões, ou seja 80 milhões mais do que o modelo de publicação Open Access (150 milhões) e cerca de 100 milhões mais do que o auto-arquivo em Open Access (110 milhões, mais 20 milhões de operar vários modelos).

Se somarmos a isto as potenciais vantagens, para o sector de investigação, mas também para as empresas privadas e a economia em geral, que os autores estimam em 172 milhões por ano, se as publicações científicas estiverem disponíveis para todos, temos número impressionantes!

As conclusões do estudo reforçam a demonstração de que o Open Access não é uma questão "ideológica" ou de "má-vontade" contra o negócio privado da publicação científica (existirão certamente novas oportunidades de negócio no ambiente de Open Access). É uma exigência de racionalidade e eficiência no funcionamento de um componente central do sistema científico.

Defender a manutenção do modelo de publicação tradicional (em nome da defesa das empresas que dominam este mercado e do emprego das pessoas que nelas trabalham) faz hoje tanto sentido como defender a manutenção dos níveis de consumo de combustíveis dos veículos produzidos nos EUA, em nome da salvação dessa indústria, quando toda a racionalidade económica (e ambiental) aponta para a conveniência da sua redução.

O problema é que, até agora, tal como a indústria automóvel dos EUA, também a indústria da publicação cientifica (seguramente com muito lobying, como já reportamos aqui) tem conseguido adiar e atrasar a adopção das soluções que são há muito possíveis e desejáveis.


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