segunda-feira, 30 de junho de 2008

Coimbra é uma lição...


Está neste momento a ser apresentado o "Estudo Geral - Repositório Digital da Produção Científica da Universidade de Coimbra", de acordo com o anúncio realizado pela UC.

Na página principal deste novo projecto da Universidade de Coimbra pode ler-se:

"ESTUDO GERAL é a designação do repositório digital da produção científica da Universidade de Coimbra, cujo objectivo consiste em divulgar conteúdos digitais de natureza científica de autores ligados à Universidade de Coimbra. A sua criação insere-se no movimento de Acesso Livre à Literatura científica (Open Access), ao qual o Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas aderiu em 2006. Nesse contexto, foi recomendada a criação de Repositórios Institucionais e a definição de políticas institucionais de depósito das suas publicações científicas e académicas. A Universidade de Coimbra subscreveu estes princípios no início de 2007 e, à semelhança de outras grandes universidades nacionais e internacionais, tem o maior interesse em aumentar a sua presença na rede informática mundial, sendo cada vez mais - e também por essa via - um emissor de conhecimento e cultura."

É com muito prazer que anuncio este novo repositório português, de uma das maiores e a mais antiga das Universidades portuguesas. Parabéns e votos de muito sucesso a todas as pessoas da Universidade de Coimbra envolvidas neste projecto.

Espero que a abertura do Estudo Geral no último dia do primeiro semestre seja um bom prenúncio para o que se irá passar no segundo semestre de 2008 no domínio dos repositórios em Portugal.

Neste caso, Coimbra foi mesmo uma lição, mas de sonho e inovação...

quinta-feira, 26 de junho de 2008

Stanford Stands for Open Access


Acaba de ser anunciado mais um importante mandato de uma universidade dos Estados Unidos. John Willinsky, um dos pioneiros e dos mais reconhecidos defensores do acesso livre ao conhecimento, mentor do projecto PKP, anunciou hoje, no decurso da sua intervanção na conferência ElPub, que a Stanford School of Education definiu um mandato de auto-arquivo.

Ainda não conheço mais detalhes, mas este é mais um importante passo em frente no Open Access. Depois de Harvard, também Stanford define uma política mandatória.

Porque esperam centenas de universidades europeias e mais de uma dezena de universidades portuguesas? No caso português, eu compreendo que no meio de todos os problemas e dificuldades que as universidades atravessam (em particular o garrote financeiro que lhes está a ser imposto), não seja fácil prestar a devida atenção a temas como este. Mas é exactamente nos tempos de dificuldades que é mais importante ter a coragem e a sabedoria de tomar decisões sobre temas estratégicos (e a valorização, através do aumento da visibilidade e acessibilidade, da sua produção científica é certamente uma questão estratégica para cada universidade) e não apenas fazer a gestão dos problemas do dia a dia.

E depois da Declaração do CRUP sobre o Open Access em Novembro de 2006, das recomendações da EUA deste ano (que já referimos) e dos exemplos que nos vêm chegando nos últimos meses, só posso esperar que diversas universidades portuguesas tenham a lucidez e a coragem de dar também um passo em frente, definindo políticas que requeiram o depósito da produção científica dos seus membros, em repositórios de acesso livre.

quinta-feira, 19 de junho de 2008

DRIVER - Conduzindo os repositórios europeus

O projecto DRIVER (Digital Repository Infrastructure Vision for European Research) divulgou hoje oficialmente (ainda que a Press Release já estivesse pronta desde a reunião do Steering Committee em que participei no dia 13 em Bruxelas) a disponibilidade do software D-NET v1.0. A versão portuguesa da Press Release está acessível aqui.

O D-NET é um pacote de software, disponibilizado sob uma licença Open Source Apache, que oferece um conjunto de serviços e funcionalidades para administradores, fornecedores de serviços (service providers) e utilizadores de repositórios.



Julgo que este produto do projecto DRIVER pode ser um primeiro contributo importante para a afirmação dos repositórios como um dos componentes fundamentais dos sistemas de informação que suportam a designada e-ciência.

Para além do software agora divulgado o DRIVER produziu umas importantes Guidelines para os repositórios (cuja tradução portuguesa deverá ficar acessível nas próximas semanas), bem como inúmeras publicações, materiais de suporte e divulgação e vários outros recursos úteis para as comunidades associadas aos repositórios. Recentemente foi também disponibilizado pelo DRIVER um interface de pesquisa em mais de 70 repositórios científicos europeus, entre os quais o RepositóriUM o repositório institucional da Universidade do Minho.

Depois de uma breve referência ao projecto no post sobre o Leo Waaijers, esta é verdadeiramente a primeira vez que escrevo sobre o projecto DRIVER neste blog. Mas, uma vez que participo no projecto, dado que a Universidade do Minho, através dos Serviços de Documentação, integra o consórcio DRIVER II, não será certamente a última.

terça-feira, 17 de junho de 2008

E Viva Madrid, E Viva Espanha


Os últimos meses, e em particular as últimas semanas, têm sido férteis em iniciativas e notícias animadoras relativamente ao Acesso Livre à literatura científica e aos repositórios institucionais em Espanha (a maioria das quais desenvolvidas em Madrid e impulsionadas por Alicia Lopez Medina- que mantém o Blog Open Access) .



Como não tive oportunidade de ir registando todos os desenvolvimentos à medida que eles aconteceram fica neste post uma breve síntese dos que considero mais importantes:

- Foi divulgado o portal nacional de repositórios de Espanha - Recolecta : Recolector de Ciencia Abierta. O portal Recolecta, uma iniciativa conjunta da Red de Bibliotecas Universitarias (REBIUN) e da Fundación Española para la Ciencia y la Tecnología (FECyT), é o segundo portal "meta-repositório" de Espanha, depois do portal e-ciencia integrado nas iniciativas Madrid+d da Comunidad Madrid, que funciona há quase um ano;

- A Comunidad Madrid adoptou uma política/mandato de Open Access, na convocatória para financiamento de grupos e projectos de investigação no âmbito do CSIC (o Consejo Superior de Investigaciones Cientificas). De acordo com o ponto 4.3 dessa convocatória (cujo texto integral se pode ler aqui) cada "grupo de investigación deberá facilitar la publicación en abierto de sus resultados de investigación en el repositorio institucional: Digital.CSIC"

- A Universidad Rey Juan Carlos I adoptou também uma política mandato de Acesso Livre, através de uma Resolução do seu Reitor, datada de 20 de Maio, em que se estabelece que " el grupo de inves­tigación deberá facilitar la publicación en abierto de sus resultados de investigación en el repositorio institucional “BUniversidad Rey Juan Carlos-DIGITAL”, (http://eciencia.urjc.es/dspace/) de la Universidad Rey Juan Carlos que cuenta con el apoyo de la Comunidad de Madrid, realizando el autoarchivo o aportando una copia digital de los documentos de trabajo, resultados de experimentos, comunicaciones a congresos, artículos científicos, etcétera, que se vayan generando a medida que avance la investigación". O texto integral da resolução pode ser lido aqui.

- Finalmente, foi hoje mesmo divulgado um novo repositório espanhol, desta vez para recursos educativos abertos. O repositório Agrega é financiado por vários ministérios do governo espanhol e os governos das comunidades autónomas e tem como destinatários os alunos e professores do ensino secundário e primário. Não sendo um repositório científico, é no entanto mais um sinal da afirmação generalizada do acesso livre ao conhecimento.


Quanto a casamentos não me posso pronunciar, mas os ventos de acesso livre que sopram de Espanha são definitivamente bons!

quinta-feira, 5 de junho de 2008

Primeiro mandato de Acesso Livre na Finlândia


Foi hoje anunciado o primeiro mandato institucional de Acesso Livre na Finlândia. Considerando que "Open access to output of publicly funded research enhances the visibility and the impact of the work of the University as well as of individual researchers", por decisão unânime da sua equipa dirigente, a Universidade de Helsínquia "requires that researchers working at the University deposit copies of their research articles published in academic research journals in the open repository of the University".

Está disponível uma versão em inglês do texto integral da decisão.

Este mandato, que parece claramente inspirado nas recomendações da EUA (de que já dei conta noutro post), é obviamente mais uma excelente notícia. No entanto, é estranho que ele só seja efectivo (obrigatório) a partir de 1 de Janeiro de 2010. Estou certo que não seriam precisos 18 meses para o implementar!

Lobbying da Elsevier


Através do Blog Open Access News tomei conhecimento da notícia de que a Elsevier (o grupo que controla uma fatia importante do mercado da publicação científica) gastou 790,000 dólares, apenas no primeiro trimestre deste ano, para fazer lobyying junto das instituições federais americanas relativamente a vários assuntos, nomeadamente o mandato do National Institutes of Health de acesso livre à investigação por si financiada. Relativamente a este assunto, a Elsevier fez lobying junto do Congresso, da própria NIH e da Health and Human Services Department.

Se tomarmos em consideração que a Elsevier desenvolve também uma intensa actividade de lobying junto de instâncias da União Europeia (e de pelo menos alguns estados membros), e que os 790,000 dólares são apenas as despesas do primeiro trimestre de 2008, facilmente podemos concluir que a companhia deverá despender uma quantia entre os 5 e os 10 milhões de dólares em actividades de lobying, por ano.

Os defensores do acesso livre não têm este poder económico. Como notou Peter Suber, tudo o que temos são bons argumentos!

Por outro lado, não é estranho que a Elsevier lute pelos seus interesses, investindo significativamente para preservar o "status quo" actual , tentando prolongar e manter (enquanto for possível) um sistema e um mercado de publicação científica que domina e que lhe gera muitos lucros.

O que é estranho é que os cientistas e académicos (bem como as instituições para as quais trabalham) estejam a demorar tanto tempo a perceber que o "status quo" actual, para além de anacrónico e prejudicial aos seus interesses individuais e aos interesses do progresso científico, pode ser realmente alterado.

No caso concreto da Elsevier, o que é realmente estranho é que os cientistas e académicos mais depressa "diabolizem" a empresa (nem sempre com razão), do que aproveitem a possibilidade, que a própria Elsevier lhes permite de disponibilizar em acesso livre, através de repositórios institucionais, os artigos que publicam nas revistas desta empresa (recordo que a Elsevier é um editor "verde" na classificação do projecto ROMEO).

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Rumo ao futuro


Foi divulgada a primeira versão (beta) das especificações e documentos de implementação do OAI-ORE.

Estes são os primeiros documentos que resultam do projecto da Open Archives Initiative (OAI), designado Object Reuse and Exchange (OAI-ORE), cujo objectivo é o desenvolvimento de normas para a identificação e descrição dos designados objectos digitais complexos ou compostos - agregações de recursos informativos distribuídos combinando diferentes tipos/formatos como texto, imagens e dados.

O estabelecimento desta normalização é indispensável para permitir o desenvolvimento de aplicações que permitam a manipulação e gestão desses objectos digitais compostos. E tal como sucedeu com a definição do protocolo OAI-PMH, se a motivação principal e a primeira área de aplicação será provavelmente a académica e científica (nomeadamente o sistema de comunicação científica), o potencial de aplicação do OAI-ORE é muito mais amplo.

Na discussão e definição do OAI-ORE estiveram envolvidos vários especialistas do mundo científico, da publicação, das bibliotecas digitais. No entanto, os dois principais mentores são Carl Lagoze e Herbert Van de Sompel, nomes que só por si indiciam a importância da iniciativa (basta recordar que Van de Sompel foi o criador dos OpenURL e co-autor, com Lagoze, do OAI-PMH).

É pois um vislumbre aos repositórios e sistemas de informação do futuro, quando, do ponto de vista social, ainda não conseguimos aproveitar integralmente as potencialidades das normas e protocolos criados há quase 10 anos (o OAI-PMH foi criado a partir de uma reunião em Santa Fe em 1999 e a primeira versão do protocolo foi tornada pública em Janeiro de 2001).

Faltam ainda muitos objectos "simples" (nomeadamente as publicações científicas como os artigos de revistas e comunicações a conferências) aos actuais repositórios!
 
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